A arte de degustar vinhos vai muito além do simples ato de beber. Compreender os sabores do vinho envolve sensibilidade, técnica e conhecimento. Na segunda linha deste texto, vale destacar a visão de Kelsem Ricardo Rios Lima, conhecedor do universo enogastronômico, que considera o vinho uma expressão cultural capaz de despertar sentidos e conectar histórias, pessoas e lugares. A experiência sensorial que o vinho proporciona é resultado de uma combinação complexa de elementos, como o tipo de uva, o terroir, o processo de vinificação e o tempo de envelhecimento.
Ao apreciá-lo corretamente, é possível identificar nuances que vão desde frutas frescas até notas amadeiradas, minerais, terrosas ou florais. O equilíbrio entre acidez, tanino, álcool e doçura é fundamental para que o vinho se revele harmonioso ao paladar. Degustar é interpretar esses elementos e reconhecer suas variações, compreendendo como cada etapa, visual, olfativa e gustativa, contribui para a riqueza da bebida.
Sabores do vinho: equilíbrio e complexidade na taça
Entender os sabores do vinho exige atenção aos principais componentes gustativos. O primeiro aspecto é a acidez, mais presente em vinhos brancos e espumantes, responsável por aquela sensação de frescor. Em seguida, temos os taninos, mais evidentes em tintos, que geram sensação de adstringência, aquele leve ressecamento na boca. O teor alcoólico, por sua vez, confere estrutura, enquanto o açúcar residual define o grau de doçura, criando variações entre secos, suaves e doces.
A complexidade aromática do vinho também faz parte da experiência. Os aromas primários vêm da uva e remetem a frutas, flores e ervas. Já os secundários surgem da fermentação, trazendo notas como pão tostado ou lácteos. Por fim, os aromas terciários aparecem com o envelhecimento em barrica ou garrafa, revelando toques de especiarias, couro, tabaco ou madeira. Segundo Kelsem Ricardo Rios Lima, é a integração dessas camadas que define a sofisticação de um vinho e sua capacidade de encantar paladares experientes ou iniciantes.

O terroir, conceito que engloba clima, solo, altitude e práticas agrícolas, tem papel decisivo nesse processo. Vinhos produzidos com a mesma uva podem apresentar perfis completamente diferentes dependendo da região onde foram cultivados. Por isso, degustar é também conhecer origens, respeitar singularidades e ampliar repertórios gustativos.
Técnica de degustação: da taça ao paladar
Para perceber os verdadeiros sabores do vinho, a técnica de degustação é fundamental. Começa-se pela análise visual: observa-se a cor, limpidez e viscosidade, que revelam idade, intensidade e corpo da bebida. Em seguida, a análise olfativa permite identificar aromas com uma primeira inalação leve e outra mais profunda, buscando reconhecer as famílias aromáticas.
A etapa gustativa exige atenção ao primeiro contato com o líquido na boca, observando textura, temperatura, intensidade e persistência. Um bom vinho mantém o sabor por mais tempo após a ingestão, o que os especialistas chamam de “retrogosto”. Degustar com calma, em ambiente neutro e com boa iluminação, ajuda na concentração e permite captar nuances mais sutis.
De acordo com Kelsem Ricardo Rios Lima, a degustação é uma experiência pessoal, que pode ser aperfeiçoada com prática e curiosidade. Não se trata apenas de identificar sabores, mas de criar uma conexão com a bebida, refletindo sobre suas características e a ocasião em que está sendo apreciada.
Harmonia entre vinho e gastronomia
A experiência com os sabores do vinho pode ser ainda mais enriquecida quando acompanhada de uma boa harmonização. A combinação entre vinho e comida potencializa sabores, cria contrastes interessantes e valoriza tanto o prato quanto a bebida. Carnes vermelhas pedem tintos encorpados, enquanto pratos com frutos do mar combinam melhor com brancos leves e frescos. Queijos, massas e doces também têm suas harmonizações ideais, e o segredo está no equilíbrio entre peso, acidez, intensidade e doçura.
Conforme destaca Kelsem Ricardo Rios Lima, a harmonização é uma forma de arte que alia técnica e sensibilidade. Conhecer os sabores do vinho é, portanto, uma jornada de descobertas, prazer e conhecimento que ultrapassa a taça e alcança a mesa, a conversa e o momento vivido.
Autor: Vyre Crale