A negligência e o abandono de idosos são questões alarmantes que exigem atenção urgente da sociedade. Paulo Henrique Silva Maia, Doutor em Saúde Coletiva pela UFMG, explica que a proteção da pessoa idosa deve ir além da assistência material, incluindo cuidado emocional e social. Garantir dignidade e amor aos idosos é um dever coletivo que reflete o grau de civilidade de uma nação.
O que caracteriza a negligência e o abandono de idosos?
A negligência ocorre quando há omissão no cuidado necessário para preservar a saúde e o bem-estar do idoso. Isso inclui deixar de oferecer alimentação adequada, cuidados médicos, higiene, segurança e companhia. Já o abandono é a forma mais extrema dessa negligência, quando o idoso é deixado à própria sorte por familiares ou responsáveis legais. Infelizmente, muitos casos acontecem nas próprias famílias, em ambientes que deveriam ser de acolhimento.
Paulo Henrique Silva Maia destaca que a negligência e o abandono trazem sérias consequências físicas e emocionais. No aspecto físico, a falta de cuidados pode resultar em desnutrição, doenças crônicas sem tratamento, quedas frequentes, feridas e agravamento de condições pré-existentes. Já no campo emocional, o isolamento e a sensação de rejeição podem causar depressão, ansiedade, baixa autoestima e até pensamentos suicidas.
Como a família e o Estado podem promover o respeito e a dignidade na velhice?
A família desempenha papel central na construção de uma velhice digna. Estar presente, ouvir com paciência, respeitar a autonomia e participar das decisões do idoso são atitudes que fortalecem vínculos afetivos e promovem segurança emocional. É fundamental enxergar o envelhecimento como uma fase de sabedoria e merecedora de cuidados especiais. Segundo Paulo Henrique Silva Maia, as famílias precisam compreender que cuidar de um idoso é um ato de gratidão e humanidade, e não um fardo.
Conforme Paulo Henrique Silva Maia, o Estado tem obrigação constitucional de proteger os direitos dos idosos. Isso inclui políticas públicas de saúde, assistência social, habitação, transporte acessível, lazer e educação continuada. A criação de centros de convivência, serviços de atenção domiciliar e canais de denúncia eficazes são medidas essenciais para prevenir o abandono e a negligência.

Como a sociedade pode combater o abandono e promover o envelhecimento saudável?
Além da família e do Estado, a sociedade em geral deve atuar no combate à negligência por meio da conscientização e da valorização da pessoa idosa. Promover campanhas educativas, incentivar a inclusão social e estimular o respeito intergeracional são estratégias fundamentais. A denúncia de maus-tratos e abandono também é um dever social. O Disque 100 é um canal gratuito e sigiloso que pode ser utilizado por qualquer cidadão.
Paulo Henrique Silva Maia ressalta que a empatia é a base para qualquer relação saudável, especialmente com os idosos. Compreender suas limitações, ouvir suas histórias e reconhecer seus direitos são formas de promover um envelhecimento mais digno e afetuoso. A escuta ativa e o carinho fortalecem a autoestima e a saúde emocional dos mais velhos. Apenas assim poderemos construir uma sociedade que respeite verdadeiramente seus idosos.
Amor e dignidade são direitos, não favores
Garantir dignidade e amor aos idosos não é somente um gesto de humanidade — é um dever legal e moral. O combate à negligência e ao abandono exige ações concretas de todos: familiares, governos, instituições e cidadãos. Somente com empatia, respeito e compromisso social será possível assegurar que os idosos tenham uma velhice plena, segura e feliz.
Por fim, o envelhecimento deve ser tratado com a mesma importância que outras fases da vida. Oferecer cuidado, afeto e respeito aos idosos é reconhecer seu valor e sua contribuição para a sociedade.
Autor: Vyre Crale